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30 de janeiro de 2023

PSD, CHEGA E MARCELO

Dizem os do PSD, nomeadamente o seu líder que o “inimigo” principal é o PS. Penso que estão enganados. O verdadeiro “inimigo” é o Chega/Ventura. Se acreditar-mos nas recentes sondagens, e principalmente nos últimos resultados eleitorais, o partido unipessoal Chega alcançou os resultados que conhecemos à custa dos partidos da direita “tradicional” (PSD/CDS). Se foi nestes partidos que Ventura encontrou a sua base de apoio, será nos mesmos que se irá focar e não no eleitorado do PS. O eleitor mais ao centro do PS descontente (e há bastantes) irá reforçar o voto no PSD e nunca no Chega, assim como o eleitor mais de esquerda descontente do PS irá votar no BE.

Resumindo, Montenegro tem de voltar os holofotes para o Chega, este sim o seu “inimigo”. E é por isso que no PSD ninguém se demarca de forma efectiva do partido de Ventura, esperando que numas próximas eleições Ventura possa servir de alavanca.

Depois há o omnipresente Marcelo, também ele numa encruzilhada de enormes proporções. Ou seja – Já disse que não dissolverá o parlamento. E porquê?

A haver eleições poderá haver uma de várias hipóteses.

1 – Vence o PS com maioria absoluta (improvável mas possível).

2 – Vence o PS sem maioria.

3 – Vence o PSD com maioria absoluta (improvável mas possível).

4 – Vence o PSD sem maioria.

 

Hipótese – 1

Ficaria tudo na mesma com Costa a sair em ombros e enviando umas boas bofetadas a tudo e a todos, nomeadamente a Marcelo.

Hipótese – 2

Costa teria de fazer uma nova geringonça com o BE e o PCP ou só com um deles.

Hipótese – 3

Mais do que Montenegro, seria uma vitória de Marcelo em toda a linha.

Hipótese – 4

A mais complicada para todos (Montenegro e Marcelo) e para Portugal em particular. Montenegro preferia o IL que Ventura, mas é improvável que tal aconteça. Logo, Montenegro teria de se sentar à mesa com Ventura. Mesmo que o líder do PSD (e Marcelo) coloquem a Ventura várias linhas vermelhas, é pouco crível que este aceite. A ser assim, ou Montenegro (com a complacência de Marcelo) aceita as exigências do neo-fascista, ou então terá de governar à vista o que será pouco provável. O mais improvável seria um governo minoritário do PSD com apoio parlamentar do PS, é possível mas seria complicado para Costa, mesmo que este invocasse tal apoio para a não inclusão do Chaga/Ventura no executivo.  

 

Por tudo isto, Marcelo não está minimamente virado para a dissolução do parlamento, mesmo que o PS não vença as eleições europeias de 2024, como Montenegro já veio anunciar ao afirmar que: “caso o PSD vença as europeias via “exigir” a Marcelo a dissolução da AR”.

 

Continuo a pensar (mesmo com o PS/Costa a dar vários tiros nos pés) que o partido unipessoal Chega é como a pastilha elástica, mastiga-se, sabe bem, mas depois deita-se para o lixo. Vamos pensar que assim seja.