a humanidade só será LIVRE, quando o último corrupto for enforcado nas tripas do derradeiro capitalista
a desobediência é a verdadeira base da liberdade, os obedientes são necessariamente escravos

26 de agosto de 2008

NATÁLIA, A ESQUECIDA

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Ontem o país noticioso foi (quase) totalmente preenchido por duas notícias, os vinte anos passados sobre o incêndio no Chiado e a recuperação “sensacional” no Cristiano Ronaldo (esta até mereceu 15 minutos de tempo de antena).
Se a primeira e apesar de ter sido uma catástrofe foi quanto a mim exagerada, pois vinte anos é muito tempo, a não ser para as pessoas afectadas “aquilo” já pouco ou nada diz, apesar de “ainda” não estarem esclarecidas as causas de tão grave sinistro, pudera, para os especuladores imobiliários, os gabinetes de arquitectura e afins “aquilo” (digo) incêndio foi um maná. Diga-se já agora que o preço de M2 de habitação na zona afectada vai de 4.000€ a 10.000€, mais caro que em Londres, Nova Iorque ou Tóquio.

Quanto ao segundo já começa a cansar tanto mediatismo, nada tenho contra o Sr. em causa, que até me parece bom de bola, para além de gostar de gajas boas, mas, meus amigos, o que é demais cheira mal.

Perguntam vocês o que têm estas duas notícias a ver com a imagem do post, muito simples, no mesmo dia, às mesmas horas uma criança que até é Timorense e “pobre”, de seu nome Natália, foi sujeita com sucesso a uma intervenção cirúrgica a um tumor no cérebro, operação a cargo do Neurocirurgião Dr. Rui Vaz, que conjuntamente com a sua equipa operou mais um milagre. Estes sim meus amigos, são verdadeiros Heróis, estes sim mereciam todos os louvores, todas as aberturas de telejornais, todas as capas de revista e primeiras páginas de jornais. Mas não, hoje os principais pasquins do burgo nada ou quase trazem sobre o assunto. Exceptuando o Correio da Manhã (uma minúscula caixa) mais nenhum traz à manchete a notícia.

Que país é este que dá mais valor a um pontapeador de bola, a um sinistro de à vinte anos, o abandono dos Russos da Geórgia, a uns quantos filhos de puta devedores ao fisco, a crimes passionais, etc., e a estes Heróis nem uma simples frase.

Que gente é esta?
Que mundo é este?
Que país é este?

8 comentários:

Anónimo disse...

a lógica da sociedade do espectáculo é uma lógica retorcida

Anónimo disse...

-Uma sociedade de merda, onde a merda é mais importante do que a vida e do que as pessoas que realmente têm valor.
Zé do Boné

Zorze disse...

Quanto ao incêndio comento apenas: o dono dos Armazéns Grandela fez um seguro de incêndio bastante avultado na UAP Portuguesa, depois Aliança UAP e hoje AXA Seguros. Uma semana depois arde e após receber a indemnização foi para o Brasil. Claro que foi uma grande coincidência. Na altura a UAP fez o possível e o impossível para descobrir o que aconteceu, mas, teve de largar a nota.

A pequena Natália não vende revistas e jornais. É o mundo do compra e vende. Interessa agora o Depois, pelo parece vai ter que tomar medicação para o resto da vida. Daqui a uns tempos já ninguém se lembra da menina e o Pai vai ter uma despesa fixa algo pesada para os seus rendimentos.

Abraço,
Zorze

Jorge Borges disse...

O que aliena é o que conta. Os heroísmos, lamentavelmente, são pouco rentáveis...
O jogador rende, o sensacionalismo do incêndio faz esquecer outras amarguras bem mais reais.
Uma comunicação social comprada pelos patrões de Tudo e que só vende o que Eles querem.

Um abraço solidário

Abrenúncio disse...

Só é "importante" quem aparece nas revistas, quem mostra a opolência, quem se passeia nas esferas influentes.
A competência, a lisura, a honestidade, a solidariedade, são valores que não recolhem crédito e por tal caem em desuso.
Saudações do Marreta.

Ana Camarra disse...

Ferroadas

Os Herois não são os que fazem impossiveis mas aqueles que se esforçam sempre, todos os dias para fazer o possivél.

Faz mais quem quer do quem pode.

A Natália de facto não vende jornas, mas está melhor quanto sei, isso é que me conforta.

Beijocas

LuisPVLopes disse...

É um País de merda, com governantes e televisões ainda piores.

Ouss

Pata Negra disse...

Às vezes, pela conversa das pessoas, até parece que foi mais trágico arder uma rua em Lisboa, do que aldeias e vales, matas e pinhais, serras e serranias, um país queimado muito para lá do que o periscópio da televisão mostrou.
Populações e populações, crianças, idosos, traumatizados pela visão do inferno que de vez enquando lhes mostra o deserto do futuro. Ao menos que o fumo chegasse à capital para não se preocuparem tanto com o tabaco!
Um abraço da paisagem