a humanidade só será LIVRE, quando o último corrupto for enforcado nas tripas do derradeiro capitalista
a desobediência é a verdadeira base da liberdade, os obedientes são necessariamente escravos

3 de outubro de 2017

O QUE SE SEGUIRÁ

Se a derrota de Passos já era esperada, nomeadamente em Lisboa e Porto, a derrota do PCP/CDU é para (quase) todos uma novidade. Vamos por partes.
Passos nos dois últimos anos desalinhou o PSD, retirou-lhe credibilidade e encostou-o à direita, não tendo arte nem engenho para fazer uma oposição séria. Durante a campanha, notava-se no seu discurso que não queria perder por muitos, amarrou-se a ideias sem sentido e frases-feitas, pensando que assim poderia segurar os seus bastiões conservadores. Depois teve Cristas a sua pedra no sapato, ao não querer alinhar no apoio à angolana em Lisboa, arriscou e perdeu, pois esta fez, ao seu estilo populista e demagógico (Portas ensinou-a bem), uma campanha de cativação do voto ao centro (PSD), se a isto juntar-mos a sua carinha laroca e simpática (coisas simples que contabilizam muitos votos) contrastando com a frieza de Leal Coelho, era de esperar a hecatombe.
Com esta derrota, Passos não tem muita margem de manobra, se bem que ainda consiga manobrar alguma baronite interna, já não a domina na totalidade. Perfilam-se vários personagens para a sucessão - Rio, Rangel, Sarmento, sem descartar o sempre-em-pé Santana Lopes. Todos eles têm algo em comum - são a direita do PSD.

A derrota do PCP têm um culpado - ESTRATÉGIA.
E aqui Costa foi inteligente, Porquê? Muito simples, nunca "atacou", nomeadamente nos bastiões comunistas o seu parceiro de governação. Ao contrário, Jerónimo passou a campanha a "atacar" o PS e a sua hipotética "mania" de querer maiorias absolutas, inclusive dando aqui ou ali umas "bicadas" na governação, pensando que assim iria cativar o seu eleitorado "fiel" ao querer demonstrar que está neste projecto (leia-se - apoio parlamentar) mas que continua (PCP) fiel ao seu programa. Claro que isto teve um preço e que preço. Dizer-se que a perca de dez câmaras, nove delas para o PS teve a ver com o apoio parlamentar que o PCP dá ao PS e que assim ofuscou os comunistas é puro engano.  Muitas das boas medidas que o povo teve nestes dois últimos anos deve-se em parte ao PCP, tivesse o PS maioria absoluta duvido muito que as ditas fossem postas em prática.
Depois houve "aqui vamos ganhar sem problemas" (Almada, Barreiro, Beja, etc.), onde o PCP descurou que pode perder, e onde a frase "as populações não vão demorar aperceber o erro" proferida por Jerónimo, não abona em nada a sua excelente credibilidade e cultura democrática a que nos habitou.

Os barões da comunicação já começaram a afiar as facas em torno do hipotético divórcio no seio da coligação. Penso que nada irá beliscá-la até ao fim da legislatura pelo menos e isto para bem dos portugueses. Se tal não acontecer e pode mesmo acontecer, será entregar a Costa a maioria absoluta de bandeja, o que seria muito mau. 
Por isso, é de todo o interesse, pelo menos para os mais desfavorecidos, que PCP e BE esqueçam as divergências e se juntem numa frente de esquerda, alargada a outras forças proguessistas para evitar a maioria absoluta de Costa em 2019. 

2 comentários:

Monteiro disse...

Amigo
A CDU para as Câmaras teve 489.189 votos. Para as Assembleias Municipais 519.682 votos. Para as Assembleia de Freguesia 530.215. O que fez mudar de opinião 41.026 pessoas? Já na minha terra foi ao contrário: Para a Câmara foram 54 votos e para a Assembleia de Freguesia 14.
Porquê? Engels falava da necessidade dos sociólogos estudarem este fenómeno. Lenine dizia que a maioria dominada vota onde a minoria dominante quer.
Abraço

Monteiro disse...

O que se seguirá?
Tenho visto desde há 2/3 anos um entendimento de sorridos entre o Rui Rio e o António Costa. O Rui Rio não tinha condições e foi esperando...esperando até que parecem estar reunidas as condições e o chefe no 5 de Outubro anunciou mais ou menos que não há fartura que não acabe e compromissos com o futuro que têm de ser feitos.
Não bastará uma aliança PCP/BE, o caso é mais sério
O PS é uma família onde certo anciãos mandam mais que o chefe da esquadra. São eles que metem governantes em forma de cunha e ontem eram considerados seguidores da Troika e hoje são competentes servidores da puta que os pariu.
Abraço